É comum as pessoas terem curiosidade sobre pessoas que após os 30 anos, ainda optam por morar com os pais.
Neste fim de semana, sob o olhar de reprovação da minha médica, ouvi: como assim, você, justo você, ainda mora com seus pais?
Sorri e respondi: por diversos motivos, alguns essenciais, outros também.
Janelas escancaradas, cortinas encolhidas, frestas abertas, portas entre abertas.
Chão límpido, poeira não se vê.
Nos quartos, flores, água para beber. Livros e uma coleção de vida simples.
Cheiro característico de cravo e canela. Velas.
Lá nada fica parado. Prato, cabo, artesanato, bicarbonato, contrato, sapato. Se não for utilizado, é reciclado ou doado.
Tem movimento e renovação de energia.
Todos os dias, tem café, bolo integral e frutas. Suco natural, salada e cantoria.
É comum ouvir orações, ao acordar e ao deitar.
Comida fresquinha. Roupas cheirosas e passadas.
Tem cheirinho de feijão, barulho de panela de pressão.
Na sala, Jornal Nacional. Na cozinha, documentário sobre medicina.
Tem discussão. Tem gargalhas. Tem respeito.
Tem parceria, companheirismo, troca.
Tem amor, aprendizado e gratidão.
Tem lâmpada trocada, torneira consertada e chuveiro quente.
Tem filme juntos. Pipoca e Faustão.
Tem pai.
Tem mãe.
Tem tudo.
Tem vida!
Um lar é onde sua alma repousa tranquila.
Não importa se só, ou acompanhado.
Desde que seja respeitado.
Texto escrito por Rosana Pereira, http://camomilas.com/categoria/reflexoes/
Nenhum comentário:
Postar um comentário